ALMIRANTE
SALDANHA DA GAMA NA DIPLOMACIA DO MARECHAL
-
Um coração monarquista na Revolta da Armada. 1893. –
Em um manifesto de 7 de
dezembro de 1893, disse Saldanha da Gama: “A lógica, assim como a justiça dos
fatos, autorizaria que se procurasse à força das armas, repor o Governo do
Brasil onde estava a 15 de Novembro de 1889, quando num momento de surpresa e
estupefação nacional, êle foi conquistado por uma sedição militar de que o
atual governo não é senão continuação.” (preâmbulo da obra “A Diplomacia do
Marechal – Intervenção estrangeira na revolta da armada -”, 1945, RJ, Liv. e
Edit. Zelio Valverde, do Dr. Sérgio Corrêa da Costa).
Ao percorrer os fatos
que marcaram fundamental período da história do Brasil, “A Diplomacia do
Marechal” traz à nossa ciência valorosos episódios que marcaram a insatisfação
daqueles que, militares e civis, diplomatas e simples cidadãos, a ponto de se
instaurar a sangrenta “revolta da armada”; os registros do Dr. Sergio C. da
Costa são assaz importante quando consideramos ter ele sido secretario no corpo
diplomático e, portanto, tendo tido acesso aos arquivos do Itamaraty que
corroboraram, e muito, à sua concretude. Além do mais, seu prefácio é da lavra
do único ministro ainda vivo, em 1945, do Marechal Floriano Peixoto. Portanto,
é ocioso maiores considerações acerca do tesouro literário ali registrado.
Em que pese a enorme
lacuna informativa que nos é imposto sobre esta memorável guerra interna, - eis
que a história republicana é forjada em uma proclamação (?) que jamais ocorreu
– à revelia dos fatos que marcaram a tentativa de restauração da monarquia, há
mais de 120 anos, por um nobre cidadão Brasileiro, Almirante Saldanha da Gama,
é chegada a hora de trazermos à luz trechos do testamento político-militar que,
por tanto tempo tem se mantido silente, à espera da busca audaciosa desta nova
geração, ávida por conhecer a verdadeira história do Brasil. Avante!
O germe que culminou
militarmente com a queda da próspera monarquia brasileira, encontra-se em um
projeto de lei que fora julgado, pelo exército imperial, em 1883, “...
prejudicial aos interesses da classe ...”; ocasião em que “O ‘comité’ de
resistência criado no Exército”, nesse ano, “era já o embrião do ‘partido
militar’ que, em breve, se sobreporia às organizações partidárias do Império”,
rememora-nos o Dr. Sérgio C. da Costa (p.9).
Tal projeto, ressalta o
autor, dizia respeito à economia pessoal dos militares, bem como o concernente
à “livre manifestação do pensamento às obrigações da disciplina”, que, após
longo debate, “tornou-se um ímpeto de prepotência, sem direção ou objetivos
definidos a não ser a crescente submissão e sacrifício da autoridade civil.”
Mas convém ressaltar
que, apenas dois anos do golpe de Estado audaz, voraz, implacável e impopular
(!) da república, precisamente aos 23 de novembro de 1891, “... Custódio de
Melo (...) derruba o Govêrno com a simples ameaça dos seus canhões.” Ora, esta
passagem que o autor nos relata em sua obra causa-nos, no mínimo,
perplexidade..., pois, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca que até então era o
líder do golpe de 1889, é derrubado por seus próprios pares, para em seguida
entregar a novamente golpeada Chefia do Brasil ao “Marechal de Ferro”, Floriano
Peixoto.
Não obstante todas as
manobras político-militares para se tentar a todo custo, não importasse as
consequências que adviriam à sociedade brasileira, – aliás, seu bem estar não
contava do programa de governo...- o ano de 1893 fora de grande agitação por
conta das dissensões entre militares e civis. A tensão era de tal envergadura
que o Almirante Saldanha da Gama – Marinha do Brasil – afirmou que “...se as
coisas chegassem a um ‘extremo muito agudo’, optaria pela revolta,
fortificando-se na ilha das Cobras e removendo o hospital de sangue para a ilha
das Enxadas ou do Governador. Hastearia a bandeira da restauração monárquica”,
o que nós, também, já fizemos tanto na prática como na teoria, “a favor da qual
se bandeariam os navios de Custódio, os federalistas do Rio Grande e a maioria
do povo brasileiro.” (ob. cit. pp. 60/1).
O orgulho monarquista
do Almirante, convicto e às claras, que jamais se convenceu, ou deixou
persuadir, acerca da deslealdade ao Imperador Dom Pedro II, fora, inclusive,
objeto dos argumentos do “Marechal de Ferro” para conseguir a adesão de Washington
na guerra interna que se principiava. Nesse sentido, “A restauração, feita sob
as vistas benévolas das esquadras estrangeiras”, que a este momento estavam
ancoradas no Rio de Janeiro, em clima de elevada tensão, que a cisão entre
membros das forças armadas pró e contra o governo Floriano suscitavam, “...
deixaria uma porta aberta à influencia europeia.” (p. 71).
Eis que é cediço haver
a simpatia de alguns países europeus à restauração do trono brasileiro, que
possuía grande prestígio na comunidade internacional, na ocasião.
Por isso, diante da
revolta de importantes corpus militares, seja pelo prestigio perante os colegas
de farda, como pelo histórico de relevantes serviços prestados ao Império do
Brasil, a preocupação do Marechal Floriano Peixoto fez com que “A 13 de
dezembro de 1893, depois do manifesto de Saldanha, (...) informou,
oficialmente, ao Governo americano que a ‘restauração do Império’ seria,
daquele momento em diante, o objetivo dos insurgentes.” (ibidem).
A preocupação do
Marechal era proporcional ao prestigio do Almirante, o qual, a serviço do
Brasil em águas internacionais, não presenciou o golpe de 15 de novembro de
1889. Sua presença teria sido assaz importante à defesa do Trono Brasileiro,
pois, diz o Dr. Sérgio C. da Costa que “Se aqui estivesse, asseguravam os
saudosistas, teria salvo a dinastia com os canhões da esquadra, tal o seu
prestígio na classe, comparável ao de Melo, Wandenkolk ou Jaceguai.” (p. 117).
O Almirante Saldanha da
Gama morreu em combate, “Preso pelo coração à monarquia...” Por isso rendemos
nossas homenagens à Força Naval do Brasil, que tem em sua ascendência um
Brasileiro que honrou e engrandeceu sua classe. Diz o autor citado que “Só não
lhe arrebataram o culto e a fidelidade da Marinha do Brasil à sua memória,
sempre evocada com reverente admiração.” (p. 186).
Senhoras e Senhores
cidadãos Brasileiros, leitores do Círculo Monárquico Brasileiro – Rio Grande do
Norte, nos estudos que temos tido o inolvidável privilégio de debruçarmo-nos,
seja pela fidedigna fonte da qual emanam, - tratando-se de lídimos escritores
que vivenciaram parte dos fatos in loco,
como pelos documentos fiéis – nos trazem imenso orgulho pelo tesouro guardado
da história do nosso país, resta-nos uma convicção, assim como convicto restou
Rui Barbosa em maio de 1895, em uma de suas cartas de Inglaterra: “Não há
dúvida nenhuma que, sob a república atual, as nossas liberdades são
incomparavelmente inferiores às que nos restavam sob a monarquia.” (Cartas de
Inglaterra. Tomo II. ‘As minhas conversões’. p. 171. Liv. e Edit. Iracema. SP.
1966. 2ª ed.).
Lembremo-nos das
augustas palavras de Sua Alteza Imperial e Real, Príncipe Dom Bertrand de
Orléans e Bragança, no evento monárquico realizado pela Frente Dom Pedro II, sob
a presidência do advogado Dr. Mozart Heitor França, de Curitiba-PR:
“...queremos retornar o Brasil nos trilhos que jamais deveria ter saído...”
Janeiro de 2015.
Eduardo Tozzini.
Advogado Ítalo-Brasileiro. OAB/PR n. 66.256. Monarquista.